domingo, 6 de março de 2011

CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO ABORTO







Antes de qualquer palavra, peço desculpas a algumas pessoas pela foto acima. O assunto precisa iniciar com uma foto impactante, infelizmente. É a realidade do aborto.

Bem, a partir de agora, tecerei pequenos comentários acerca do aborto, tanto à luz da Bíblia quanto em relação ao Direito Brasileiro. 

Comecemos por um trecho bastante conhecido do livro de Jeremias, que é o que segue:

A mim me veio, pois, a palavra do SENHOR, dizendo: (Jeremias) Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, (Jeremias) e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações”.(Jeremias 1:4-5)

A Bíblia é clara, não apenas na passagem supramencionada, mas em várias outras ocasiões, que a valorização à vida é, antes de tudo, um direito natural do ser humano. No meio bíblico, a consagração significa a entrega a Deus de alguém. Deus como autoridade maior, recebe por seu determinado indivíduo. Guardada as devidas proporções nos diferentes âmbitos, seria, como se, na política, fosse equivalente ao Estado reconhecer uma pessoa como seu nacional

Em outro momento, assim fala a Bíblia acerca do tema aborto:

"Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes." (Êxodo 21: 22)

Pois bem, teologicamente falando, não apenas o nascituro possui vida espiritual como também o concepturo. Caros colegas leitores não totalmente inseridos no meio jurídico, faz-se necessário fazer uma distinção entre esses dois "sujeitos": o nascituro e o concepturo. Enquanto no primeiro, falamos em um ser já concebido, portanto, com vida intrauterina e passível de ser abortado, no segundo falamos de um sujeito ainda não concebido, mas com possibilidades ou não de vir a existir.Portanto, só podemos de falar em aborto do nascituro, jamais do concepturo. A partir de agora, no instante em que mencionarmos o termo nascituro, dirá respeito ao feto ou embrião, passível de ser abortado.

Para a Bíblia, tanto um quanto outro, merece proteção divina, muito embora o concepturo nem houvesse surgido como ser. Para tanto observe-se o caso do profeta Jeremias.

O Código Civil Brasileiro também trata do tema, em dois momentos - em um primeiro, com relação aos nascituros e o segundo com relação aos concepturos:

Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;

A Lei Divina, nessa situação, e em várias outras já citadas nesse blog, anda lado a lado com a Lei Civil brasileira: ambas defendem a vida intra-uterina por entenderem que se trata de um ser humano, embora em fase gestacional e que, pelo fato de serem indivíduos humanos, possuem direitos naturais intrínsecos à sua pessoa e inafastáveis por quaisquer motivos que sejam.

Aborto é crime no Brasil, salvo exceções que a própria Lei Criminal Codificada estabelece. Na Bíblia também é um ilícito, pois há punição para terceiros que provocam o aborto, como citado acima.

Confesso que, mesmo parecendo paradoxal, sou a favor da exceção de que trata a Legislação no tocante ao aborto realizado em mulher que sofreu violência sexual, por razões óbvias e de cunho pessoal. Biblicamente, não há nada de errado acatar uma lei vigente no seu país, haja vista termos obrigações com autoridades, como já dito, também, em outras postagens.

No entanto, quer por motivações religiosas, quer por motivações legais, não há o que se contestar a opinião de quem é contra o aborto: existem bases sólidas, tanto no campo jurídico quanto no espiritual para se lastrear essa opinião. 

Espera-se que a diminuição da promiscuidade desprevenida entre as pessoas (algo raro de se imaginar nos nossos dias) faça cessar a ceifa de vidas que são aniquiladas continuamente em várias partes do nosso país e do mundo. 

Quem defende o aborto, um dia nasceu.



6 comentários:

  1. Oi Ju! Parabéns pelo texto e pelo Blog! Concordo que há muitas peculiaridades no Direito que só encontram "razão" na Bíblia, muitos preceitos originados nela. Por isso, a idéia de fazer um link entre as ciências "Direito" e Teologia" é no mínimo desafiadora, e merece apoio, aplausos e comentários... claro! rsrs

    Quanto ao texto acima, como disse, mais um desafio, é preciso ter coragem pra enfrentar o tema. Só discordo qd dizes que "A Lei Divina, nessa situação, ... anda lado a lado com a Lei Civil brasileira:...".
    Discordo, porque a nossa Lei não considera o concepturo um indivíduo humano (o art. 1.799 do CC é uma exceção, e trata de sucessão de bens e não de personalidade), enquanto que Deus, em sua onisciência, aquele que conhece o principio e o fim de todas as coisas, nos considera, nos AMA e tem um plano de vida para nós desde “Antes que nos formasse no ventre materno”. Ao longo do texto você explicou isso de forma muito clara, principalmente citando o chamado de Jeremias. Mas, apenas nesse parágrafo citado pareceu que vc queria dizer q tanto a Lei qto a Bíblia consideram o individuo da mesma forma.

    Logo, ouso concluir que a Bíblia está para o Direito, porque a proteção divina vai muito além da proteção legal!
    No mais, parabenizo-o mais uma vez!
    Abraço.
    Fica na paz de Cristo.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado Sibele pelo ilustre e valioso comentário, cheio de propriedade e conhecimento de causa de vossa pessoa. Com relação à sua discordância, concordo ctg também que o concepturo não é um "indivíduo humano". O termo intrauterina e gestacional remetem a idéia subentendida de nascituro. Aproveito a oportunidade para me desculpar com os leitores por não ter deixado isso expresso no texto.
    Fica na paz moça ^^ Vlw msm pelas palavras!

    ResponderExcluir
  3. Adorei o texto, Jr. Como já te falei no msn, o direito se baseia mesmo na Bíblia... Parabééns pelo texto. Beeijo ;*

    ResponderExcluir
  4. Primeiramente parabenizo o autor do texto por sua competência em apresentar um tema tão polêmico mesclado em direito e religião.

    Nas questões espirituais digo que o aborto é algo totalmente inviável, pois nessa tomamos para nós a consciência de tudo o que é certo e errado de maneira mas afetiva. E olhando por esse lado o aborto é uma barbárie, um crime uma monstruosidade sem tamanho, ainda mais se forem utilizadas técnincas de raspagem.

    Mas voltando ao mundo como ele é, fisiologicamente falando: o desenvolvimento do cérebro do nascituro começa a partir da 3° semana de sua concepção. Partindo do fato de que o cérebro é que nos mantém vivo, que nos caracteriza como uma pessoa individual, seria pertinente atentar para que o direito defende o indivíduo enquanto TEM vida própria, a partir do momento que o embrião não é dotado de cérebro, ele não é uma pessoa, é apenas parte de sua mãe, o que lhe dá o direito de fazer o que bem entender.

    ResponderExcluir
  5. Olá, tudo bem?
    Gostei muito da relação que você estabeleceu entre o Direito e a Bíblia, bem como a forma que redigiu o texto. ficou muito bem elaborado, muito bem explicado e, ao mesmo tempo, simples.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  6. interessante, só a imagem que ficou muito apelativa.. o.O

    ResponderExcluir